quinta-feira, 28 de março de 2019

Produtor rural, você sabe da importância do plano de cargos e salários para a sua empresa/fazenda?

A criação do plano de cargos e salários visa criar equilíbrio interno entre os trabalhadores e buscar reconhecimento profissional de forma que não se venha infringir os princípios da equiparação salarial.

O plano de cargos e salários evita turnover e desmotivação dos colaboradores, mas precisa ser bem gerido, com políticas claras e com informações diretas sobre ele aos empregados. Ele  é necessário para distinguir as atribuições, os deveres, as responsabilidades, o nível técnico de cada cargo/funcionário e consequentemente os respectivos níveis salariais.

A equiparação salarial está disciplinada no art. 461 da CLT:

Art. 461 “Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento profissional, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idades.

(...)

§2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público.” (Grifei)

O parágrafo segundo do referido artigo da CLT, estabelece que a equiparação salarial pode se dar pelo plano de cargos e salários e não pela regra estabelecida neste artigo. É importante que o plano de cargos e salários esteja previsto no regulamento interno ou código de conduta da empresa/fazenda para que seja válido.

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Quando se tem vários trabalhadores na mesma função, realizando os mesmos trabalhos com salários diferentes, facilmente os interesses entram em conflito, por isso, a importância do plano de cargos e salários, pois ele estabelecerá os cargos, as funções, suas definições e as faixas salariais.

O ideal é que seja criado também o plano de carreira, caso a sua empresa tenha essa mobilidade de cargos, sendo que este estabelece as diretrizes que cada empregado precisa fazer para alcançar o cargo almejado.

Portanto, para uma gestão de pessoas adequada, sugiro que sejam criados todos esses documentos organizacionais (Plano de cargos e salários, plano de carreira, código de conduta e regulamento interno), neles estarão estabelecidas todas as políticas internas da empresa que deverão ser obedecidas pelos colaboradores.

Quer saber mais? Envie um email para andrea@andreaoliveira.adv.br

Por Andréa Oliveira, advogada, inscrita na OAB/MG 81.473 e gestora de negócios e Aline Massa Castro, bacharela em Direito.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Advogada, especialista em Liderança Executiva e Gestão Empresarial e, acima de tudo: mulher destaque do Agro. CONHEÇA CRISTIANE STEINMETZ

Neste Dia Internacional da Mulher o Blog MAS (Mulheres Agricultoras de Sucesso) entrevista esta guerreira que rompeu obstáculos e se tornou um grande sucesso no agronegócio

Cristiane, conte-nos um pouco de sua história...
Nasci em 1982 em Mineiros- Goiás. Morei na fazenda até meus 15 anos, fazenda a qual meus pais e avós paternos fizeram morada quando vieram em 1979 do Rio Grande do Sul, em busca de melhores oportunidades.

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Aos 18 anos mudei-me para a capital goiana em busca dos meus sonhos, onde iniciei o curso de Direito. Entretanto não estava lá o meu destino, e 04 anos após, voltei para minha cidade natal afim de ajudar meu pai nos negócios da fazenda, momento em que uma grande crise assolava a agricultura em todo país. O ano de 2005 trouxe consigo muitas dificuldades, mas também muitos aprendizados.

Conclui minha faculdade em uma cidade vizinha, a qual percorria 200 km/dia para estudar, e tive a alegria de receber a tão sonhada carteira da OAB. Busquei uma pós-graduação em Liderança Executiva e Gestão Empresarial afim de aprimorar meus conhecimentos e auxiliar na administração da fazenda de forma mais profissional.

Dez anos se passaram, e ao lado da minha família, mais especificamente do meu pai, fomos vencendo os obstáculos dia após dia, não foram dias fáceis, mas a União e a fé de que as coisas uma hora iriam melhorar sempre perseveraram.

Em 2014 houve um acontecimento triste que mudou bastante a vida de vocês?
Sim, os planos de Deus não eram os mesmos dos nossos. E o nosso amado pai, o Sr. Eugênio Inácio, partiu de forma muito prematura, aos 60 anos de idade. E lá estávamos nós, as três mulheres da casa, com um enorme desafio a porta: dar continuidade a história de toda uma família com raízes fincadas no agro.

E sim! Nós resolvemos seguir em frente escrevendo os próximos capítulos dos patriarcas Mathias Claudino Steinmetz e Eugênio Inácio Steinmetz, com o detalhe de que agora somos nós mulheres as protagonistas.

De lá para cá, novamente uma série de desafios e obstáculos surgiram, e um a um fomos superando.

Como é seu dia a dia no trabalho? 
Eu e minha irmã fomos em busca de conhecimento técnico, nos formamos em Técnicas em Agronegócio pelo Senar /Faeg em 2014. 

Dividimos nossas tarefas de acordo com nossas habilidades. Enquanto eu fico mais por conta do Campo em si, parte comercial de compra e venda de insumos e produtos, e em contato com funcionários na fazenda, minha irmã cuida da parte financeira, e minha mãe nos auxilia no que for preciso. Na parte técnica temos um gerente que nos acompanha a anos, e também contratamos uma assessoria especializada.

Quais são as maiores dificuldades e, por outro lado, os pontos mais positivos?
Sobre as minhas maiores dificuldades, eu diria, que todo começo traz inseguranças. Vivi por dois momentos essa situação, primeiro quando assumi aos 21 anos junto a meu pai, um ambiente predominantemente masculino e que não era minha área de atuação. E novamente na sua ausência.

Mas diria que o grande diferencial foi a busca constante e incansável por conhecimento. Este aliado a sensibilidade e perspicácia que nós mulheres temos, é garantia de sucesso na certa.

O que evoluiu desde você iniciou no segmento do agro?
Eu diria que o que mudou basicamente foi a nossa segurança em relação ao nosso trabalho, vez que os resultados tem sido cada dia mais satisfatórios, saímos de uma média de 60 sacas/há para 71, isso, consequentemente aumenta nossa credibilidade frente ao mercado.

Você encontrou dificuldades pelo fato de ser mulher? 
Sim. O fato de ser mulher e muito jovem em um ambiente tipicamente masculino gerava insegurança por meio de fornecedores, funcionários e demais pessoas envolvidas no meio.  A busca por conhecimento e demonstração do mesmo foi fundamental.

Você é feliz no que faz e o que mais te motiva a continuar?
Hoje sou muito feliz e realizada com meu trabalho. Não tenho dúvidas de que tudo valeu a pena. Com intuito de auxiliar outras mulheres eu e minha irmã idealizamos e criamos o grupo Mulheres do Agro de Mineiros, que hoje conta com aproximadamente 200 mulheres. O objetivo do grupo é a troca de experiências e busca por cursos e treinamentos para o mesmo.

Cristiane com a irmã

Mãe e filhas

Organizadoras do grupo Mulheres do Agro


(Entrevista concedida ao jornalista André Luiz Costa – Especial para o Blog MAS)