sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Mulheres que atuam no agronegócio representam 40% do segmento

Sendo 30% com foco na gestão, a relevância econômica das mulheres do agronegócio está cada vez mais presente, mas a gestão do patrimônio ainda é pouco explorada pelas instituições financeiras.

Mulheres avançam  nos cargos de liderança
Recente pesquisa realizada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) apontou que as mulheres que atuam no agronegócio são responsáveis pela gestão de, no mínimo, 30% do segmento. Tendo em vista que o Agronegócio representa 25% do PIB, as mulheres desse setor da economia são responsáveis pela gestão de pelo menos 8% do PIB nacional, algo em torno de US$ 165 bilhões.

Segundo um estudo realizado pelos pesquisadores do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP, nos últimos anos houve um aumento do número total de mulheres trabalhando no agronegócio em 8,3%. Diante desse cenário, a participação da mulher no mercado de trabalho do agronegócio cresceu consistentemente entre 2004 e 2015, passando de 24,11% para 27,97%. Já o número de homens atuando no setor diminuiu 11,6%.

É importante destacar que o aumento da participação feminina no agronegócio ocorreu na categoria de empregadas com carteira assinada, entre 2009 e 2013, principalmente entre 2009 e 2013. Essa informação é de extrema relevância em função do perfil do agronegócio, marcado por um nível de informalidade mais alto que o médio da economia.

Mulheres se capacitam
“Apesar da informalidade do setor, percebemos que a cada dia as mulheres buscam melhorar sua qualificação profissional, através de cursos, palestras e troca de informações com outras mulheres do setor. Em minhas palestras e consultorias pelo país, percebo uma preocupação muito maior pela busca de aprendizado e qualificação”, declara Vanessa Sabioni, fundadora da rede AgroMulher, engenheira agrônoma e Mestre em Fitopatologia.

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Outro fator bastante relevante está relacionado às características socioeconômicas das mulheres do agro. “Este estudo apontou que o aumento da participação feminina no setor foi impulsionado por trabalhadoras com um maior nível de educação formal, o que indica uma evolução atrelada a empregos que demandam maior qualificação”, esclarece Débora Toledo, economista na AMG Capital e mentora de projetos econômicos da rede AgroMulher.

Antes e depois da porteira
Para segmentar a cadeia produtiva do agronegócio é utilizada a classificação antes, dentro e depois da porteira. “A expressão ‘antes da porteira’ refere-se a tudo que é necessário à produção agrícola, mas não está na fazenda. É aquilo que o produtor rural precisa comprar para produzir: todos os insumos, máquinas, defensivos químicos, fertilizantes, sementes, frota, por exemplo”, esclarece Vanessa Sabioni.

Já o termo ‘dentro da porteira’ refere-se à produção, como plantio, manejo, colheita, beneficiamento, manutenção de máquinas, armazenamento dos insumos, descarte de embalagens de agrotóxicos e mão de obra. Enquanto que ‘depois da porteira’ faz referência à armazenagem e distribuição, incluindo a logística.

Sabe-se que 73% das mulheres do agronegócio atuam dentro da porteira, sendo 58% das mulheres proprietárias ou sócia das propriedades, representando algo em torno de 4,5 % do PIB.

“Dessa forma podemos concluir que estamos diante de grandes fortunas administradas e geridas por mulheres que ainda não recebem a devida atenção e reconhecimento pela relevância econômica na economia brasileira, muitas vezes sendo desprezadas pelos bancos e instituições financeiras que atuam em Wealth Management, a gestão de patrimônio”, esclarece Débora Toledo.

Outra informação importante, segundo a especialista em economia, é que 34% das mulheres do agronegócio já possuíam famílias atuando nesse segmento. “Dessa maneira, cerca de 2,2% do PIB é gerido por herdeiras que em sua esmagadora maioria não tiveram infelizmente a oportunidade de se preparar para administrar a fortuna familiar”, completa Débora Toledo.

Segundo Vanessa Sabioni, apesar de estar em crescimento, atualmente poucas instituições financeiras reconhecem esse nicho inexplorável de mercado ávido por crédito e suporte na administração e gestão de fortunas.

(Por PAÔLA MÍRIAN / Portal Agromulher)

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