Na manhã desta sexta-feira (17), foi deflagrada a operação Carne
Fraca da Polícia Federal. Mais de mil agentes estão em seis estados
brasileiros investigando corrupção e propinas entre fiscais
agropecuários e empresas do agronegócio, com grandes frigoríficos no
foco dessa operação.
O analista de mercado José Vicente Ferraz, da
Informa Economics FNP, diz que a operação pode apurar o esquema de
corrupção que atingiu o sistema de fiscalização. Ainda no início, a
operação conta com prisões e condução coercitiva de vários técnicos
fiscais que atuavam junto à indústria frigorífica. Situação é
preocupante, pois pode ter reflexos bastante negativos tanto no consumo
interno como nas exportações brasileiras.
O Brasil é o maior
exportador mundial de carne de frango e o segundo maior de carne bovina.
Portanto, este setor compõe uma parcela importante na economia do país e
a reação dos clientes ainda é uma incógnita. O G1 Paraná divulgou que
gravações telefônicas apontam que os frigoríficos estariam vendendo
carne com data de validade vencida, em um esquema liderado por fiscais e
empresários.
informações que a gente tem operação recém
deflagrada, pode apurar esquema de corrupção que atingiu sistema de
fiscalização. agora está sendo executada situação de prisão, condução
coercitiva de vários técnicos fiscais que atuavam junto a indústria
frigorífica e é uma situação preocupante pois pode ter reflexos bastante
negativos tanto no consumo interno como nas exportações brasileiras.
Ferraz
avalia que isso também pode refletir em um menor consumo por parte do
mercado interno, o que irá gerar prejuízo não somente para as empresas,
mas também para a economia do setor e do país. As ações da JBS e da BRF
Foods já caíram mais de 5% nesta sexta, com investidores observando o
risco iminente.
Informações de grampos telefônicos também identificam uma possível participação do atual Ministro da Justiça, Osmar Serraglio.
No Estadão: PF diz que propina da Carne Fraca abastecia PMDB e PP
O
delegado federal Maurício Moscardi Grillo afirmou nesta sexta-feira,
17, que parte do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção
envolvendo fiscais e maiores frigoríficos do País, descoberto pela
Operação Carne Fraca, era abastecia o PMDB e o PP.
“Dentro da
investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era,
sim, revertido para partido político. Caracteristicamente, já foi falado
ao longo da investigação dois partidos que ficavam claro: o PP e o
PMDB”, afirmou.
Executivos do frigorífico JBS e da empresa BRF
Brasil foram presos. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários
federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou
em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais
do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e
Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em
detrimento do interesse público’.
Nota oficial do ministro Blairo Maggi sobre a operação da PF
Diante
dos fatos narrados na Operação Carne Fraca, cuja investigação começou
há mais de dois anos, decidi cancelar minha licença de 10 dias do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O que as
apurações da Polícia Federal indicam é um crime contra a população
brasileira, que merece ser punido com todo o rigor.
Neste momento,
toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo. Muitas
ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a
corrupção e os desvios de conduta, e novas medidas serão tomadas. Estou
coordenando as ações, já determinei o afastamento imediato de todos os
envolvidos e a instauração de procedimentos administrativos. Todo apoio
será dado à PF nas apurações. Minha determinação é tolerância zero com
atos irregulares no Mapa.
Blairo Maggi
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
NOTA OFICIAL da CNA
A
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA considera
lamentável a denúncia de que alguns dos principais frigoríficos do país,
com o apoio de uma rede de fiscais agropecuários do Ministério da
Agricultura, estariam envolvidos num esquema de venda ilegal de carnes
ao consumidor. As investigações fazem parte da Operação Carne Fraca,
deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira, 17 de março.
Como
representante dos produtores rurais, a CNA defende que os fatos
envolvendo frigoríficos e fiscais agropecuários sejam apurados com
rigor. E que, uma vez comprovados, possam levar à punição exemplar dos
envolvidos.
Os produtores rurais têm dado uma grande contribuição
ao desenvolvimento nacional. Geram emprego, renda e alimentos de
qualidade para a população. Portanto, não é justo que tenham a sua
imagem maculada pela ação irresponsável e criminosa de alguns.
João Martins da Silva Junior
Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
Nota - Anffa Sindical
O
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa
Sindical) apoia a operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal,
nesta sexta-feira, 17, e reforça que a denúncia partiu do próprio
Sindicato.
O Anffa Sindical entende que a operação está alinhada
aos objetivos de auditores fiscais federais agropecuários no sentido de
aprimorar a inspeção de produtos de origem animal no Brasil. A entidade
acrescenta que as denúncias constam de processo administrativo que
tramita no Mapa desde 2010.
O Anffa Sindical afirma ainda que vai
continuar trabalhando para que cargos de chefia sejam ocupados por
servidores públicos selecionados por meio de processos meritocráticos.
Ou seja, por competência técnica, contribuindo para o fim de influências
políticas.
Sobre os auditores fiscais federais agropecuários
O
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa
Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de
auditor fiscal federal agropecuário. Os profissionais são engenheiros
agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas
que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e
segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,7
mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização,
desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes,
fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos,
refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão,
óleos, azeites etc.), laticínios, ovos, méis e carnes.
Os profissionais
também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de
pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados,
nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos
programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do
agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para
o Brasil e para o mundo.
Corrupção em carnes ameaça contaminar acordo entre UE e Mercosul
GENEBRA
- As revelações sobre a corrupção nos certificados de carne vão afetar
as negociações entre o Brasil e a União Europeia para o estabelecimento
de um acordo de livre comércio até o final do ano e ameaçam até mesmo as
exportações atuais. Nesta sexta-feira, a Confederação Europeia de
Produtores Agrícolas indicou ao Estado que está estudando os
acontecimentos no Brasil e poderá pedir que a diplomacia europeia
restrinja qualquer nova abertura comercial ao Brasil nesse setor.
Uma
reunião entre o Mercosul e a UE está marcada para ocorrer no final
deste mês, com o debate sobre as ofertas de liberalização entre as duas
partes e principalmente a situação sanitária. No ano passado, os blocos
apresentaram o que poderiam abrir em termos comerciais, com o Mercosul
sendo pressionado a liberalizar o setor industrial, enquanto a Europa é
solicitada a reduzir tarifas para as exportações agrícolas dos países
sul-americanos.
(Estadão)
JBS confirma busca da PF em 3 unidades, mas diz que cumpre normas regulatórias
SÃO PAULO (Reuters)
- A JBS confirmou nesta sexta-feia que a operação deflagrada pela
Polícia Federal para desarticular uma organização que pagaria propina
para a liberação de mercadorias sem fiscalização incluiu três unidades
produtivas da companhia, mas afirmou que adota no Brasil e no mundo
rigorosos padrões de qualidade.
A PF lançou nesta sexta-feira uma
operação em seis Estados e no Distrito Federal com o objetivo de
desarticular organização criminosa formada por fiscais agropecuários
federais e cerca de 40 empresas, entre elas as gigantes JBS e BRF,
acusados de pagamento de propina para a liberação de mercadorias sem
fiscalização.
De acordo com o comunicado da JBS, foram alvo de
busca duas unidades que ficam no Paraná e outra em Goiás. Na unidade da
Lapa (PR), a empresa informou que houve medida judicial expedida contra
um médico veterinário, funcionário da companhia, cedido ao Ministério da
Agricultura.
A empresa informou que não há nenhuma medida
judicial contra os seus executivos, bem como que sua sede não foi alvo
dessa operação.
De acordo com a PF, as investigações da chamada
operação Carne Fraca, a maior já realizada pelos policiais federais,
apontaram que os fiscais recebiam propina para emitir certificados
sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Um dos exemplos de fraude
era o uso de substâncias capazes de ocultar odores de carnes estragadas
que foram comercializadas.
A JBS afirmou no comunicado que adota
no Brasil e no mundo rigorosos padrões de qualidade e destacou que
possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em
todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação.
"A
JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as
normas regulatórias em relação à produção e à comercialização de
alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o
descumprimento de tais normas", afirmou a gigante de alimentos em
comunicado.
A empresa ainda afirmou que "repudia veementemente
qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos, seja
na produção e/ou comercialização".
Por volta do 12:00, as ações da companhia caíam quase 8 por cento na Bovespa.
(Por Paula Arend Laier)
Na Folha: Até merenda escolar teve carne adulterada, aponta Polícia Federal
Até
mesmo a merenda escolar de estudantes da rede estadual do Paraná
recebeu carne adulterada investigada na Operação Carne Fraca, deflagrada
nesta sexta (17) pela Polícia Federal.
Os estudantes comeram
salsicha de peru, na prática, sem carne, com substituição por proteína
de soja, fécula de mandioca e carne de frango.
Foi com esse
contrato, cujas suspeitas foram encaminhadas por um servidor do
Ministério da Agricultura à PF, que começou a investigação.
Ao
longo de dois anos de apuração, a PF identificou carnes adulteradas, com
prazo de validade vencido e maquiadas com produtos proibidos por lei,
em gôndolas de supermercados.
Na Exame: Frigoríficos vendiam carne vencida e frango com papelão
São
Paulo – JBS e BRF, duas das cinco maiores exportadoras do país,
reconhecidas como as maiores empresas de carne do mundo, exemplos de
sucesso empresariais inegáveis e da pujança econômica do Brasil nas
últimas décadas são, hoje, alvo da Operação Carne Fraca.
Além delas, outros frigoríficos, grandes e pequenos, como Big Frango e Peccin, aparecem na decisão.
O
nome escolhido pela Polícia Federal não poderia ser mais literal. A
investigação revelou que as companhias usavam em suas operações carnes
podres com ácido ascórbico para disfarçar o gosto, frango com papelão,
pedaços de cabeça e carnes estragadas como recheio de salsichas e
linguiças, além de reembalar produtos vencidos.
Por: Carla Mendes e Izadora Pimenta (Fonte: Notícias Agrícolas / Atualizado em 17/03/2017 13:08)