Vivemos em uma sociedade essencialmente machista em todos os âmbitos e no agronegócio, infelizmente, não é diferente. Algumas mulheres percebem as opressões de gênero em suas profissões e outras não.
A discriminação contra as mulheres, infelizmente é algo real. Em pesquisa, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) apontou que 71% das mulheres do agro relataram que já se sentiram afetadas em suas carreiras por conta dessa discriminação.
Por isso, é importante ressaltar que não existe “lugar de mulher” e sim que lugar de mulher é em todo lugar. Nossas virtudes e falhas não podem ser limitadas pelo nosso gênero.
Somos capazes de exercer uma profissão “tradicionalmente masculina” com a mesma capacidade que a sociedade julga que um homem tenha e vice-versa.
Precisamos superar esses preconceitos e é por isso que o fortalecimento e empoderamento feminino no agronegócio é importante e, claro, precisamos também que os homens estejam abertos a desconstruir determinados preconceitos com relação às mulheres. Não é à toa que a Peterson Institute for International Economics apontou que, quando analisada a questão da diversidade de gênero, ter mulheres em cargos de liderança gera mais lucro às empresas.
No entanto, o caminho ainda é longo, pois como a própria pesquisa da Abag aponta, 43% das mulheres em cargos de liderança encontram dificuldades para que suas opiniões sejam tomadas em consideração pelos seus empregados, pares e colegas.
Ou seja, mesmo em cargos de gestão, a questão de gênero impacta no desenvolvimento da profissional, onde a mulher tem sua capacidade técnica e de liderança posta à prova a todo instante apenas por ser mulher – e isso impacta diretamente sua carreira.
Por tal motivo, a sociedade precisa ver mulheres e homens como iguais, mas não só ver, como abrir as mesmas portas e oportunidades. Nós ainda somos minoria nos cargos com poder de decisão e ganhamos cerca de 30% a menos do que os homens, mesmo quando temos mais escolaridade que eles, ou seja, sofremos uma grande e injusta desigualdade de gênero no mercado de trabalho.
Apesar de termos um longo caminho pela frente, é gratificante ver o apoio de instituições como a Abag, empresas que implementam políticas de diversidade de gênero e que abrem, literalmente, as portas para o debate e para nos fazer pensar em um futuro melhor. Grupos de mulheres como o GPB Rosa (grupo de pecuaristas e mulheres ligadas à cadeia produtiva da carne); Mulheres em Campo; Núcleo São Paulo das Mulheres do Agronegócio; Mulheres do Agro Mineiros; Agroligadas; NFA; entre tantos outros, possuem um papel essencial como rede de apoio e troca de conhecimento e experiências.
Dessa forma, acredito que, se continuarmos nesse ritmo e, se as pessoas estiverem abertas para desconstruir preconceitos, as mulheres mudarão o futuro do agronegócio tornando-o mais sustentável e rentável.
(Autora: Ticiane Figueirêdo / Blog Agroinspiradoras - Canal Rural)
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