segunda-feira, 25 de abril de 2022

Elyette e Georgette: contamos a história dessas duas mulheres que são exemplo feminino no agro



O Agro está cheio de exemplos de mulheres incríveis e hoje o blog Mulheres Agricultoras de Sucesso entrevista duas vencedoras do segmento: mãe e filha! Conversamos com a Elyette e com sua filha Georgette Andraus Segatto, que além de agricultora é advogada em Ituiutaba/MG.


Conte para nós a história de vocês no contexto do agro...

Georgette - Tudo começou com meu avô, que veio do Líbano e lá tinham fazenda de azeitona, maçã e uva. Quando ele veio pro Brasil começou beneficiando e vendendo arroz e depois começou a comprar fazendas. Em umas tirava leite, outras criava e recriava gado, isso até seus 82 anos. Deixou esse legado para minha mãe e pra mim que estamos levando o trabalho em diante. 


Elyette - Inicialmente era só cria e recria de gado, e carneiros, mas eu fiz pasto rotacionado e comecei a engordar boi a pasto também.


Georgette - Quando eu entrei na ajuda da gestão e administração começamos a fazer Iatf para um melhoramento do gado, com semen de angus e nelore e fazendo a regularização ambiental e burocrática da fazenda, com meu mba em direito agrário e ambiental.


Elyette - Investimos em cursos de manejo racional do gado com preocupação com o bem estar animal, planejamento financeiro e empreendedorismo.


Como é administrar o negócio rural de vocês?


Elyette: primeiramente planejamos administrativamente tudo, a curto, médio e longo prazo, traçamos metas, realizamos contenção de gastos, acompanhamos de perto, de dentro da fazenda também, inclusive no curral, e sempre presentes nas inseminações, vacinas, contagem do gado, desmama, brincagem, cura dos bezerros.


Quais são as maiores dificuldades?


Elyette: Barreiras de preconceito machista, infelizmente presente em todas as áreas, mas talvez no agro seja mais evidente.


Georgette: Acredito que o machismo seja o pior mesmo, já sofremos de funcionários, outros criadores, sempre me perguntam se eu "sou filha ou esposa de quem", nunca a filha da dona, e às vezes falam com meu marido ao invés de falarem comigo.


E quais os pontos mais positivos de sua atividade?


Elyette: A consequência do nosso trabalho resulta em rendimentos financeiros excelentes, ficar na fazenda à noite ouvindo o barulho dos bichos e a água que vem da cisterna, tomar leite fresco e cuidar da horta.


Georgette: O maior prazer é estar na fazenda, acordar lá, tomar café deitada no banco olhando a serra, ouvir os pássaros, brincar com nossos cachorros, parece clichê, mas é perfeito, e os rendimentos que são fruto do nosso trabalho.


Impressiona sua motivação para trabalhar no agro, não acha?!


Georgette: Não é impressionante, mas felizmente com a minha mãe sempre encontrei apoio, e nunca foi permitido achar que existia algum trabalho que não fosse capaz de mulher fazer. Ela sempre me disse que não tem trabalho de homem, nem de mulher, só o trabalho que tem que ser feito.


Elyette: Temos um histórico familiar feminino de imenso valor, minha vó e bisavô trabalhavam na terra, plantavam todo tipo de árvores e hortaliças, além de criar porco, galinha que elas mesmas matavam; e também trabalhos pesados como cortar árvores no machado e inclusive eram solicitadas por toda região para matar cobras peçonhentas inclusive por homens. Além desses trabalhos, elas tinham técnicas de fazer sofás, extração da paina para travesseiro, trabalhos sofisticados de crochê, costura, faziam seu próprio edredom, linguiça defumada. Eram mulheres muito à frente de seu tempo, um exemplo para as futuras gerações. É uma imensa honra e orgulho poder continuar esse legado, e essa entrevista é uma grande chance de propagar esse exemplo delas, que sirva de inspiração para outras mulheres, que nós temos força.













(Entrevista concedida ao jornalista André Luiz Costa para o Blog MAS | Fotos: Arquivo pessoal)


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