“A administração de uma
fazenda mudou completamente em relação ao passado. Hoje tem status de empresa,
é um grande empreendimento rural”, diz Patrícia Montanari Carneiro em entrevista ao blog Mulheres Agricultoras
de Sucesso
Nossa personagem de sucesso, a empresária e contabilista Patrícia
Montanari Carneiro, nasceu em Apucarana (PR) e veio com a mãe, o pai e os
irmãos na década de 1980 para Patrocínio. Os negócios prosperaram, eles se
apaixonaram pela cidade e continuam no município gerando emprego e renda.
Juntos, eles compõem o chamado “Senso Familiar”, uma espécie de Conselho de
Administração, onde o pai é o presidente e cada filho exerce uma função
específica.
Patrícia conta como foi a evolução do grupo, o que os levou a ser
referência na cafeicultura: “a mudança nos processos de cuidado e cultivo da
cultura, o que levou a fazermos um grande investimento em maquinários, mão de
obra qualificada e benfeitorias na estrutura física da fazenda”.
CONFIRA A ENTREVISTA DO BLOG MULHERES AGRICULTORAS DE SUCESSO COM
PATRÍCIA MONTANARI
Como começou sua história no agronegócio?
Me formei em Ciências Contábeis em 1995 em Apucarana (PR) e no ano
seguinte nos mudamos para Patrocínio e já comecei a trabalhar com meu pai e
meus tios que eram sócios na época. Fiz estágio de um ano primeiro no
departamento de pessoal e depois assumi sozinha o trabalho. Isso foi por vários
anos até eu deixar meus tios e trabalhar somente com meu pai que já não estava
mais em sociedade com meus tios.
Como era o trabalho, o dia a dia?
Na época não havia as facilidades da tecnologia de atualmente e o
trabalho com a parte de recursos humanos era muito maior. Tínhamos 100
trabalhadores rurais na colheita então tínhamos que fazer a folha de pagamento
toda na calculadora e na máquina de escrever. Agora é tudo informatizado. Ainda
assim, atualmente não cuido do departamento de pessoal, mas fico por conta da
parte financeira do negócio.
O que mais mudou no meio rural daquele tempo para hoje?
O que mais mudou foi a mecanização que influenciou todo o negócio. Como
eu disse, fora os funcionários do dia a dia da fazenda, chegamos a ter 100
trabalhadores contratados para a colheita. Hoje, com a colheita praticamente
toda mecanizada, temos cinco trabalhadores para ajudar na colheita do café. É
uma mudança muito significativa.
Como era cuidar de uma fazenda e como é atualmente?
A administração de uma fazenda mudou completamente em relação ao
passado. Hoje tem status de empresa, é um grande empreendimento rural. Por
exemplo, usa-se o famoso ‘5S’ na gestão. O olhar é completamente outro,
exige-se um planejamento estratégico muito grande para a tomada de decisão. No
nosso caso, fazemos esse planejamento anualmente até para que os investimentos
sejam feitos adequadamente.
Você teve dificuldade para trabalhar no meio rural pelo fato de ser
mulher?
Muita. O meio rural é muito masculino, às vezes machista mesmo. A
palavra da mulher dificilmente era ouvida. Você tem que batalhar para que sua
opinião seja levada em consideração. E tem o agravante de ter que conciliar o
papel de esposa, mãe e, no meu caso, gestora, uma vez que temos a Rádio Rainha
da Paz.
O que a leva a continuar trilhando esse caminho no agronegócio?
O amor pela atividade, a história da minha família. Produzir algo é
sempre muito bom, e o café é ainda melhor, a terceira bebida mais consumida no
mundo, saber que as pessoas vão consumir algo que você produziu é uma sensação
gostosa, prazerosa. E posso dizer que tenho orgulho do tipo de café que a nossa
fazenda produz.
Apesar dessas dificuldades, você acredita que vale a pena? E que
mensagem deixaria para outras mulheres empreendedoras rurais?
Vale muito a pena, mas tem que ter persistência. Se gosta, tem que ir em
frente e conquistar seus objetivos. Apesar da dupla (e até tripla) jornada de
trabalho, mostramos do que somos capazes. A doçura da mulher é importantíssima
por lidarmos com pessoas. Essa parte emocional conta muito. O homem é muito
racional, a gente tem mais jeito para resolver muitas situações que precisam
desse olhar diferenciado. É um trabalho árduo, precisa de dedicação,
comprometimento, porque dependemos do tempo, na agricultura tem hora para tudo.
Mas, se você mulher gosta de lidar com a terra, com a produção, se tem amor
pelo que faz, então, faça da agricultura o seu sustento. Dificuldades existem
como em qualquer outra atividade e profissão, o que faz a gente ter sucesso é a
motivação, o amor pelo que faz.
CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE AS ATIVIDADES DO GRUPO
Administrado pela quarta geração da família, o Grupo Montanari conta
hoje com três fazendas, todas localizadas em Patrocínio, na região do Cerrado
Mineiro. São elas: Rainha da Paz, Montanari III e São Paulo — a mais nova,
fundada em 2008.
Em pouco tempo, a empresa se converteu em sinônimo de excelência. Os
motivos? A unidade é altamente mecanizada, tem produtividade que supera em 100%
a média do segmento no País e conta com uma administração eficiente, dotada do
que há de mais moderno em ferramentas e processos de gestão.
Segundo Patrícia, juntas, as três propriedades do grupo produzem
anualmente 10 mil sacas de café. Sozinha, a São Paulo responde por cerca de 3,5
mil. Do total produzido, aproximadamente 90% é exportado. Mais da metade disso
tem como destino o exigente mercado europeu. Já o restante é distribuído
especialmente entre Estados Unidos, Ásia e Oceania.
Ainda que a tradição da família tenha atravessado o século 20 atuando
exclusivamente com café, os negócios do Grupo Montanari transcendem o cultivo
do grão. Um exemplo disso é a Rádio Rainha da Paz: uma emissora voltada para a
evangelização católica e solidariedade. A rádio também é administrada por
Patrícia Montanari ao lado do esposo Rogério Carneiro e do pai João Montanari.
Por André Luiz Costa / Jornalista
(Com informações da Revista MPE-Sebrae e
Informe Maqnelson / Fotos: Maqnelson-Divulgação)
(Com informações da Revista MPE-Sebrae e
Informe Maqnelson / Fotos: Maqnelson-Divulgação)
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