quarta-feira, 7 de junho de 2017

Agricultura é campeã de preservação ambiental no Brasil

A história é antiga, mas muita gente ainda insiste em acreditar que existe uma oposição entre a produção e a conservação do meio ambiente, que elas não podem conviver de forma inteligente e gerar resultados sociais e econômicos. A velha e boa forma para dirimir algumas falácias que são repetidas várias vezes é estudar o assunto. E foi o que fez um grupo de pesquisadores da Embrapa, sob o comando do Doutor Evaristo de Miranda. Eles avaliaram as áreas do Brasil que foram declaradas no Cadastro Ambiental Rural, regra do Código Florestal que funciona como uma espécie de declaração de Imposto de Renda, onde tudo sobre a propriedade tem que ser declarado. Ao analisar os cadastros do país inteiro, veio a conclusão: a agricultura lidera a preservação ambiental no Brasil.

Durante dois anos,  mais de 4 milhões de produtores rurais preencheram os documentos. Colocaram ali todos os dados sobre as áreas em que produzem. O país, que tem mais de 70% do território coberto por vegetação nativa (considerando também as áreas de pastagem nativa do Pampa, Cerrados, Caatinga e Pantanal), foi mapeado de norte a sul e, depois disso, estudado pela Embrapa Monitoramento por Satélite. Até agora, ficou claro que no Sul 17% dos imóveis rurais estão preservados, o que é oito vezes mais do que as áreas protegidas na região, seguido pelo sudeste com 29%. O centro-oeste, descontado o estado de Mato-Grosso do Sul, tem  33% de área de preservação. O Nordeste, mais de 50%, e o Norte, contabilizado até agora o Tocantins registra 50% de preservação.

Os agricultores preservam mais vegetação nativa no interior de seus imóveis (20,5% do Brasil) do que todas as unidades de conservação juntas (13%).

“O dado surpreendeu bastante, porque até então nós trabalhávamos com estimativas. Imaginamos que estaria em torno de 15% a preservação no país, mas com os dados do CAR, que são dados medidos por cada produtor, temos mais de 20% do território nacional com vegetação preservada no território nacional”, esclareceu o pesquisador Evaristo de Miranda em entrevista ao Mercado&Cia.

No Brasil,  faz tempo que há a intenção de colocar em prática a política de pagamentos por serviços ambientais. No entanto, o assunto pouca avança ao passar dos anos. Quem  produz e preserva, não costuma receber nada em troca, além da satisfação de ter as áreas conservadas e estar, verdadeiramente, contribuindo com a preservação ambiental. Para ir um pouco nessa história, o próximo passo dos pesquisadores da Embrapa é fazer um estudo de valoração ambiental.

“Nós vamos avaliar quanto vale isso, o custo de oportunidade. A coisa mais simples é calcular o hectare preservado por município em função do preço da terra, mas nós vamos sofisticar mais esse cálculo.  Existe um custo para manutenção dessas áreas e estamos começando um estudo sobre a valoração ambiental que esse ativo tem”, acrescentou.

A conclusão é que dá sim para produzir e preservar. Produzir e embalar o crescimento do PIB brasileiro, como fez a agropecuária neste primeiro trimestre do ano com avanço de 15,2% ( e também tem feito ao longo dos últimos anos), e preservar, como faz quando em apenas 9% do território nacional produz safras recordes.

(Kellen Severo dos blogs do Canal Rural com informações Agência Estado)

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