A história é antiga, mas muita gente ainda insiste em
acreditar que existe uma oposição entre a produção e a conservação do meio
ambiente, que elas não podem conviver de forma inteligente e gerar resultados
sociais e econômicos. A velha e boa forma para dirimir algumas falácias que são
repetidas várias vezes é estudar o assunto. E foi o que fez um grupo de
pesquisadores da Embrapa, sob o comando do Doutor Evaristo de Miranda. Eles
avaliaram as áreas do Brasil que foram declaradas no Cadastro Ambiental Rural,
regra do Código Florestal que funciona como uma espécie de declaração de
Imposto de Renda, onde tudo sobre a propriedade tem que ser declarado. Ao
analisar os cadastros do país inteiro, veio a conclusão: a agricultura lidera a
preservação ambiental no Brasil.
Durante dois anos,
mais de 4 milhões de produtores rurais preencheram os documentos.
Colocaram ali todos os dados sobre as áreas em que produzem. O país, que tem
mais de 70% do território coberto por vegetação nativa (considerando também as
áreas de pastagem nativa do Pampa, Cerrados, Caatinga e Pantanal), foi mapeado
de norte a sul e, depois disso, estudado pela Embrapa Monitoramento por
Satélite. Até agora, ficou claro que no Sul 17% dos imóveis rurais estão
preservados, o que é oito vezes mais do que as áreas protegidas na região,
seguido pelo sudeste com 29%. O centro-oeste, descontado o estado de
Mato-Grosso do Sul, tem 33% de área de
preservação. O Nordeste, mais de 50%, e o Norte, contabilizado até agora o
Tocantins registra 50% de preservação.
Os agricultores preservam mais vegetação nativa no
interior de seus imóveis (20,5% do Brasil) do que todas as unidades de
conservação juntas (13%).
“O dado surpreendeu bastante, porque até então nós
trabalhávamos com estimativas. Imaginamos que estaria em torno de 15% a
preservação no país, mas com os dados do CAR, que são dados medidos por cada
produtor, temos mais de 20% do território nacional com vegetação preservada no
território nacional”, esclareceu o pesquisador Evaristo de Miranda em
entrevista ao Mercado&Cia.
No Brasil, faz
tempo que há a intenção de colocar em prática a política de pagamentos por
serviços ambientais. No entanto, o assunto pouca avança ao passar dos anos.
Quem produz e preserva, não costuma
receber nada em troca, além da satisfação de ter as áreas conservadas e estar,
verdadeiramente, contribuindo com a preservação ambiental. Para ir um pouco
nessa história, o próximo passo dos pesquisadores da Embrapa é fazer um estudo
de valoração ambiental.
“Nós vamos avaliar quanto vale isso, o custo de
oportunidade. A coisa mais simples é calcular o hectare preservado por
município em função do preço da terra, mas nós vamos sofisticar mais esse
cálculo. Existe um custo para manutenção
dessas áreas e estamos começando um estudo sobre a valoração ambiental que esse
ativo tem”, acrescentou.
A conclusão é que dá sim para produzir e preservar.
Produzir e embalar o crescimento do PIB brasileiro, como fez a agropecuária
neste primeiro trimestre do ano com avanço de 15,2% ( e também tem feito ao
longo dos últimos anos), e preservar, como faz quando em apenas 9% do
território nacional produz safras recordes.
(Kellen Severo dos
blogs do Canal Rural com informações Agência Estado)
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