quarta-feira, 21 de junho de 2017

Agronegócio e Desenvolvimento Sustentável

Por Lucy Mendes
Gestora Administrativa e Financeira em Andrea Oliveira Sociedade Individual de Advocacia – Especialista em Direito do Agronegócio

Um termo muito utilizado recentemente é o Agronegócio. O Agronegócio nada mais é do que agricultura sofisticada. Os avanços tecnológicos mudaram radicalmente a aparência das propriedades rurais, provocando uma migração do meio rural para os centros urbanos, especialmente para as capitais, o que motivou um “inchaço” das mesmas e de suas respectivas regiões metropolitanas. Com essa migração tão acentuada aqueles que permaneceram no campo tiveram que produzir mais excedentes para alimentar aquela espantosa “massa” que foi morar nas grandes cidades e seus entornos.

O grande desafio era, e ainda é, alimentar essa grande população, considerando um número cada vez mais reduzido de pessoas trabalhando no campo. Felizmente, surgiu-se a mecanização e provocando um enorme avanço tecnológico no meio rural, e com isso espantosos índices de produtividade. 

As propriedades rurais que antes se preocupavam com a subsistência passam a produzir cada vez mais excedentes, e com isso, as mesmas perderam sua autossuficiência; passaram a depender sempre mais de insumos e serviços que não são seus; especializaram-se em determinadas atividades, dentre outros fatores que envolvem uma produção em escala industrial. 

Todos esses fatores contribuíram para que aquele conceito de agricultura como um setor primário preocupado apenas com a subsistência deixou de existir e, em seu lugar utilizamos, até recentemente, o termo Agronegócio, que se resume em uma agricultura cada vez mais reunificada, integrada à globalização, usufruindo das vantagens e desafios que uma economia globalizada enfrenta.

Estamos falando de uma agricultura que precisa de estradas, ferrovias, portos, aeroportos, novas tecnologias, fertilizantes e insumos cada vez mais adequados à cada região, a cada tipo de solo. Habilidade para produzir e gerir a sua fazenda o produtor rural tem, mas cada vez mais ele deve estar “antenado” a tudo aquilo que acontece à sua volta. 

Agronegócio é muito mais do que produzir para si e por si. É estar preparado para reduzir custos de produção e aumentar a produtividade, aumentando a eficiência e eficácia tornando-nos o depósito do mundo. Contudo esse desenvolvimento deve ser formado levando em consideração as variáveis éticas, sociais, políticas, respeitando o meio ambiente, sem perder o foco financeiro dos negócios, agindo com proatividade e atuando de forma responsável.

Uma gestão sustentável evita desperdícios de investimentos, recursos naturais e humanos, surgimento de passivos desnecessários, autuações e ações de responsabilidade civil, administrativa e criminal. Inicia-se aí a verdadeira transformação na sociedade.

Empresas e stakeholders, estes últimos entendidos como todo o universo de “atores”, o qual é formado pelos funcionários da empresa, gestores, gerentes, proprietários, fornecedores, concorrentes, ONGs, clientes, o Estado, credores, sindicatos e diversas outras pessoas ou empresas que estejam relacionadas com uma determinada ação ou projeto que gravitam em torno dela, direta e indiretamente afetados por sua ação, estarão exercitando uma forma diferente de se relacionar, pautada a partir de novos paradigmas capazes de apontar na direção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Agronegócio é muito mais que simplesmente plantar e colher. É, acima de tudo, um desafio colocado a cada ano, especialmente, ao produtor rural, direcionando os atributos nos ativos tangíveis das organizações, com efeitos diretos no mercado e em suas relações com investidores e agentes financeiros.


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