‘Esqueça as reformas’, disse um economista. Queda de juros também está ameaçada (em O GLOBO)
A
revelação de que o presidente Michel Temer deu aval para a compra do
silêncio de Eduardo Cunha jogou um balde de incerteza sobre os rumos da
economia brasileira, na avaliação de analistas. A informação foi divulgada na noite desta quarta-feira pelo colunista Lauro Jardim. O principal ponto de interrogação é sobre o futuro das reformas.
—
Esquece as reformas — disse um economista de um banco, que preferiu não
se identificar. — Só posso dizer que amanhã a abertura (do mercado) vai
ser um massacre.
Desde o início do governo Temer, a aprovação de
reformas como a da Previdência tem sido apontado pelo mercado como
fundamental para a retomada da economia. Em tese, a agenda econômica
retomaria a confiança de investidores, o que desencadearia um processo
virtuoso, com retomada de emprego e crescimento econômico. Agora, todo
esse processo está suspenso.
— Mais importante é que fica uma
interrogação em relação à capacidade de aprovar a reforma da
Previdência. Hoje, o grau de incerteza, a indefinição é tão grande, que a
gente não consegue nem atribuir probabilidade a nenhum cenário aqui —
avaliou Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.
Ela
destaca ainda um efeito colateral: a suspensão da expectativa de queda
de juros. Até agora, bancos viam revisando para baixo as projeções para a
taxa básica Selic, na expectativa de que a autoridade monetária
acelerasse o processo de cortes. Com a mudança de cenário, esse processo
também está ameaçado.
— Tira a tranquilidade do Banco Central — avalia Zeina.
O
economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, acredita que a
repercussão econômica pode até jogar o país de volta à recessão:
—
Fica impossível pensar nas reformas agora enquanto não se resolve o
imbroglio político. Se não houver uma reação rápida com saída política a
economia vai sofrer imediatamente, com riscos de entrarmos em crise
novamente que pode se estender para 2018.
Por enquanto, os olhos estão atentos à reação do mercado financeiro na manhã desta quinta-feira. Na noite desta quarta, as ações do Brasil despencavam 11% em Nova York.
(Fonte: Notícias Agrícolas)
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